Dados é uma das principais e mais longevas publicações nas ciências sociais no Brasil. Criada em 1966, divulga trabalhos inéditos e inovadores, oriundos de pesquisa acadêmica, de autores brasileiros e estrangeiros. Editada pelo IESP-UERJ, é seu objetivo conciliar o rigor científico e a excelência acadêmica com ênfase no debate público a partir da análise de questões substantivas da sociedade e da política.
Dados vol. 68 n. 2 Rio de Janeiro 2024-07-01 2025
Resumo
Este artigo pretende problematizar as afirmações de Ramón Grosfoguel, especificamente em relação a Aníbal Quijano. Sustento que a acusação de “racismo epistêmico” feita por Grosfoguel, de acordo com a qual Quijano não teria reconhecido uma de suas dívidas intelectuais, é destituída de embasamento em fontes precisas. Contextualizando de maneira mais ampla a “colonialidade do poder”, argumento que Grosfoguel não leva em conta aspectos fundamentais da biografia do autor peruano, tanto de sua formação política e intelectual quanto do estilo de sua obra. Também, um exame da relação entre Quijano e a tradição intelectual peruana e latino-americana iluminará veredas cruciais na trajetória da teoria da “colonialidade do poder”. Desse modo, a grave acusação de “racismo epistêmico” feita pelo autor porto-riquenho deve ser colocada em questão, pois a trajetória acadêmica de Quijano revela que a elaboração da “colonialidade” é dotada de uma historicidade segundo a qual as ideias de raça e racismo são parte do processo global da construção da teoria.
Palavras-chave: colonialidade do poder; Aníbal Quijano; Ramón Grosfoguel; grupo modernidade/colonialidade; intelectuais
DOI: .1590/dados.2025.68.2.365
Aníbal Quijano, Usurpador da Colonialidade do Poder? Resposta a Ramón Grosfoguel