Dados é uma das principais e mais longevas publicações nas ciências sociais no Brasil. Criada em 1966, divulga trabalhos inéditos e inovadores, oriundos de pesquisa acadêmica, de autores brasileiros e estrangeiros. Editada pelo IESP-UERJ, é seu objetivo conciliar o rigor científico e a excelência acadêmica com ênfase no debate público a partir da análise de questões substantivas da sociedade e da política.
Dados vol. 58 n. 3 Rio de Janeiro jul./set. 2015
Resumo
A ausência de determinados grupos – como mulheres, homossexuais, pretos, pardos etc. – da representação política vem se tornando um tema central no debate público e na academia. Contudo, a extensa bibliografia dedicada à sub-representação política das mulheres no Brasil destoa quando comparada aos poucos trabalhos sobre a marginalidade política dos não brancos. Para ajudar a preencher tal lacuna, este artigo discute os dados de um levantamento sobre a cor dos candidatos a vereador nas eleições ocorridas em 2012 nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Diante da carência de registros oficiais sobre a cor autodeclarada dos candidatos, optou-se por submeter suas quase três mil fotos, obtidas no site do Tribunal Superior Eleitoral, à classificação de uma equipe de pesquisadores. Os resultados permitem problematizar a tese que afirma que os partidos de esquerda são mais abertos a não brancos do que legendas de direita. Mais importante ainda, eles indicam que a marginalização dos não brancos da representação não pode ser atribuída exclusivamente a deficiências de recrutamento de candidaturas por parte dos partidos.
Palavras-chave: raça; cor; eleições; recrutamento político; partidos políticos.
Socialismo Moreno, Conservadorismo Pálido? Cor e Recrutamento Partidário em São Paulo e Rio de Janeiro nas Eleições de 2012