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Dados vol. 65 n. 3 Rio de Janeiro 2022-04-04 2022

Estado, quantificação e agência: uma abordagem genealógica

Alexandre Camargo

Resumen

O artigo investiga o papel das práticas de quantificação na construção do Estado e das rotinas sociais, nas formas de governar a população através dos números, nas modalidades de crítica estatística da realidade e nos processos de mudança social. Procuramos contribuir com uma síntese original de duas matrizes interpretativas: de um lado, os estudos anglo-foucaultianos sobre a governamentalidade, que relacionam as formas de quantificação a outras tecnologias de indução das condutas, no liberalismo e no neoliberalismo – “regimes de governo” que produzem e consomem liberdades. De outro lado, a sociologia pragmática francesa, em particular o conceito de “convenções de equivalência” e a ideia de pluralidade das lógicas de ação, que permitem compreender a dupla natureza da estatística como “instrumento de prova” e como “instrumento de governo”, formulada por Alain Desrosières, que prioriza a ciência dos números e seu papel na coordenação da vida social. Propomos um uso crítico desses modelos, ensaiando uma genealogia dos níveis da agência e da vida social que foram construídos progressivamente como domínios de mensuração. Tal opção permite explicitar a singularidade das práticas de quantificação no mundo contemporâneo, examinadas em seus quatro gêneros principais: o benchmarking, o ativismo estatístico, o autorrastreamento e a política dos algoritmos.

Palabras-clave: sociologia da quantificação; sociologia do estado; governamentalidade; neoliberalismo; gestão da população

DOI: .1590/dados.2022.65.3.267

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Estado, quantificação e agência: uma abordagem genealógica