Dia Internacional das Mulheres: 4 ações em prol da diversidade em DADOS

Marcia Rangel Candido (Editora assistente) e Luiz Augusto Campos (Editor-chefe)


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A equidade de gênero em publicações científicas foi tema de um seminário da Associação Brasileira de Editores Científicos (ABEC) em parceria com a Rede SciELO, ocorrido nesta semana, no dia 6 de março. O evento se concretizou como um dos antecedentes à celebração de 25 anos do SciELO, que terá como norte a Ciência Aberta com IDEA, ou seja, com impacto, diversidade, equidade, inclusão e acessibilidade. No referido seminário, dentre outras questões levantadas, estavam a necessidade de formular normas editoriais que incentivem a participação de mulheres e a urgência de circular estatísticas de desigualdades nos procedimentos de submissão e avaliação das revistas, que permitam conhecer mais a fundo o problema da sub-representação de grupos sociais em tais meios.

DADOS foi um dos primeiros periódicos de Humanidades a integrar a Coleção SciELO. Do mesmo modo, a publicação tem aderido às transformações postuladas pelo movimento de ciência aberta, que buscam tornar os processos de construção e publicação de pesquisas mais transparentes e replicáveis pela comunidade científica. O enfrentamento às desigualdades de gênero, por sua vez, constituiu um dos pilares fundamentais de atuação da equipe da revista nos últimos anos. Neste 8M, Dia Internacional das Mulheres, listamos abaixo quatro das principais ações recentes que realizamos sobre o assunto.

 

1/4. Produção e divulgação sistemática de indicadores sociais de gênero

DADOS foi pioneira entre as revistas de Ciências Sociais do Brasil em revelar indicadores sociais de gênero na autoria das submissões recebidas. Ainda são poucas as equipes editoriais que disponibilizam informações sistematizadas sobre desigualdades nas publicações, mas quando isso corre, em geral, se restringe ao tratamento de dados de artigos já publicados, o que dificulta examinar se existem ou não discriminações nos processos de avaliação. Dentre os textos que circulamos sobre o tema, destacamos, por exemplo, um levantamento do impacto da pandemia na participação de mulheres nos manuscritos enviados à publicação, que foi tema de reportagem no jornal O Globo e na Pesquisa Fapesp, sendo posteriormente aprofundado em nota editorial. Além disso, revisitamos o histórico da participação de mulheres em todas as edições de DADOS, desde 1966.

 

2/4. Mudanças nas normas da revista

Disponibilizar ferramentas que possibilitem o aprofundamento nas desigualdades é ação imprescindível, mas não suficiente para tentar transformar as coisas. Em adição à divulgação de indicadores sociais de gênero do perfil de autoria de submissões, incluímos em nossas normas três novidades. Em primeiro lugar, no parágrafo introdutório que apresenta nossos objetivos e nossa política editorial na página de DADOS na Rede SciELO e em nosso site, salientamos que incentivamos “a diversidade de gênero e raça em autoria”, somada ao “pluralismo temático e conceitual das contribuições, que devem ser de interesse acadêmico e social, escritas de forma inteligível ao leitor culto”. A afirmação demarca um posicionamento claro da revista em relação à promoção da diversidade.

Por outro lado, sinalizamos também que passaremos a demandar de autores(as) a autodeclaração de gênero e raça no momento de envio de submissões à revista. Essa medida permitirá que elaboremos balanços de assimetrias no fluxo editorial de modo mais abrangente, que não se restrinjam à dicotomia feminino e masculino, ao mesmo tempo que tornem acessíveis informações inéditas sobre o perfil de cor de pesquisadores(as). Vale pontuar que o conhecimento de ambas as variáveis vai, ainda, auxiliar em possíveis desempates de decisões de avaliação dos artigos. Como medida mais efetiva de promoção da diversidade, definimos que nos casos de pareceres conflitantes, a equipe editorial de DADOS deve arbitrar favoravelmente a mulheres e autodeclarados pretos ou pardos.   

 

3/4. Eventos com paridade de gênero

A organização de eventos acadêmicos é uma função secundária no trabalho cotidiano da equipe de DADOS, mas ainda assim é importante. Por conta disso, instituímos que a definição da programação de nossos seminários levará em conta a diversidade de gênero e raça. Um exemplo disso é o seminário “DADOS e a Ciência Aberta”, que ocorrerá neste mês, dia 20/03, no Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ). A programação conta com dois conferencistas de fora da cidade, Abel Packer, co-fundador da Rede SciELO, e Fernanda Beigel, pesquisadora principal do CONICET e ex-presidenta do Comitê Assessor de Ciência Aberta da UNESCO (2020-2021). Da equipe da revista, participam também os editores que assinam este texto, e Charles Pessanha, editor emérito; conforme consta na programação descrita no card a seguir. 

4/4. Equilíbrio de gênero no convite a pareceristas

A seleção de pareceristas é uma competência do comitê editorial de DADOS. Além dos dois autores desta pequena nota, o comitê é formado pelo editor emérito, Charles Pessanha, somado a mais quatro editores associados, sendo eles Adalberto Cardoso, José Eduardo Leon Szwako, Letícia Pinheiro e San Romanelli Assumpção. Após as submissões serem aprovadas em desk review, ou seja, depois de ser constatado que elas correspondem ao escopo temático do periódico e às normas de formatação, os manuscritos são apreciados pela equipe de editores, que indicam uma série de nomes para avaliações mais aprofundadas, que consistem na emissão de pareceres. Nos últimos anos, um dos critérios que adotamos na decisão de qual parecerista convidar é o gênero. Tal medida, entretanto, não deixa de ponderar que a sub-representação de mulheres ainda é alta em determinadas linhas de pesquisa, delimitando como norma a inclusão do grupo sempre que possível.  

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