Artigo



Dados vol. 67 n. 2 Rio de Janeiro 2023-05-01 2024

Distinções, Mediações Excludentes e Desigualdades: a Governança da Saúde Reprodutiva de “Cadastradas Difíceis”

Jaciane Milanezi

Resumo

O artigo analisa a categorização de usuárias de unidades básicas de saúde como “cadastradas difíceis” e como essa distinção repercute em vivências para acessar os cuidados reprodutivos nessas burocracias. Evidencia-se que a semântica “difícil” produziu diferenciação social entre as usuárias a partir de estigmas reprodutivos e da elegibilidade aos serviços pela avaliação comportamental delas, majoritariamente, negras, pobres e dependentes dos serviços públicos. Identificam-se vivências discriminatórias delas nas burocracias quando a ideia de “difícil”, regras inapropriadas dos serviços e processos decisórios das equipes produziram mediações excludentes para que elas acessassem os cuidados reprodutivos. O artigo se baseia em uma etnografia de três unidades, no Rio de Janeiro, e em 57 entrevistas com profissionais de saúde realizadas entre 2015 e 2017. A análise é orientada por abordagens interseccionais das desigualdades, de estigmas reprodutivos e da governança de vulneráveis, contribuindo sobre como mediações excludentes transformam distinções em desigualdades.

Palavras-chave: desigualdades; estratégia saúde da família; mulheres negras; relações raciais; saúde reprodutiva

DOI: .1590/dados.2024.67.2.315

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Distinções, Mediações Excludentes e Desigualdades: a Governança da Saúde Reprodutiva de “Cadastradas Difíceis”