Dados é uma das principais e mais longevas publicações nas ciências sociais no Brasil. Criada em 1966, divulga trabalhos inéditos e inovadores, oriundos de pesquisa acadêmica, de autores brasileiros e estrangeiros. Editada pelo IESP-UERJ, é seu objetivo conciliar o rigor científico e a excelência acadêmica com ênfase no debate público a partir da análise de questões substantivas da sociedade e da política.
Dados vol. 64 n. 3 Rio de Janeiro 2021-05-17 2021
Resumo
Desde a segunda metade do século XX há o entendimento de que os símbolos nacionais são resultado de complexos processos de invenção. No Brasil, os intelectuais do começo do século XX são vistos como a principal voz de autoridade forjadora dos símbolos nacionais. O trabalho desses intelectuais, contudo, se deu em um contexto no qual o Estado-nação tinha o monopólio de sentido da identidade nacional e no qual a nação se produzia internamente ao espaço nacional. Este artigo investiga as mudanças da produção simbólica da nação em uma situação de globalização. Demonstra que: a) a produção da nação se deslocou do espaço nacional, surgindo uma memória nacional globalizada; b) essa memória tem nas indústrias culturais e na cultura de consumo um novo e primordial meio de propagação; e c) surgiram artífices transnacionais, especialistas em produção simbólica da nação, que desafiam a posição antes ocupada pelos intelectuais tradicionais.
Palavras-chave: memória nacional; globalização; intelectuais; indústrias culturais; cultura de consumo
DOI: .1590/dados.2021.64.3.241
A memória nacional globalizada: as condições sociais de produção simbólica da nação