Artigo



Dados vol. 62 n. 2 Rio de Janeiro 2019-09-09 2019

Contando o Atraso Educacional: Despesas e Matrículas na Educação Primária de São Paulo (1880-1920)

Colistete, Renato Perim

Resumo

Este artigo analisa o desempenho educacional de São Paulo em um período-chave das transformações econômicas e sociais ocorridas no Brasil que acompanharam o boom das exportações de café no final do século XIX e início do século XX. Ainda abaixo da média nacional em 1870, o Estado de São Paulo alcançou nas décadas seguintes uma das maiores taxas de matrícula e tornou-se um dos líderes da educação primária no Brasil já em 1920. O artigo apresenta novas séries de despesas e matrículas que, combinadas com indicadores que medem o esforço fiscal realizado em diferentes períodos, trazem à luz fatos pouco reconhecidos sobre as escolas primárias de São Paulo entre 1880 e 1920. Primeiro, o acesso ao ensino primário – em São Paulo e no Brasil – continuou extremamente restrito e desigual, pouco se diferenciando da situação de atraso em relação aos indicadores internacionais em meados do século XIX. Segundo, o excepcional crescimento das riquezas privadas e das receitas fiscais em São Paulo não foi acompanhado pelos gastos com educação primária. A discrepância entre o ritmo de crescimento das receitas públicas e das despesas com instrução primária levou a um resultado surpreendente: nas primeiras décadas da República em São Paulo, o esforço fiscal destinado à educação primária caiu para a metade do realizado durante os últimos 10 anos do Império..

Palavras-chave: educação primária; desigualdade; São Paulo

DOI: 10.1590/001152582019182

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Contando o Atraso Educacional: Despesas e Matrículas na Educação Primária de São Paulo (1880-1920)