Dados es una de las principales publicaciones de ciencias sociales en América Latina. Creada en 1966, publica trabajos inéditos e innovadores, procedentes de investigaciones académicas, de autores brasileños y extranjeros. Editada por IESP-UERJ, tiene como objetivo conciliar el rigor científico y la excelencia académica con un énfasis en el debate público basado en el análisis de temas sustantivos en la sociedad y la política.
DADOS se aproxima de completar seis décadas de existência. Desde a sua fundação em 1966, a revista buscou profissionalizar os debates acadêmicos das Ciências Sociais e contribuir para a modernização da pós-graduação no país. Essa missão, no entanto, assumiu diferentes significados com as mudanças no campo editorial e acadêmico brasileiros, o que refletiu nos distintos projetos gráficos adotados pela revista. Neste texto, discutimos as variadas identidades visuais que a revista adotou na sua história e apresentamos a nossa nova identidade visual.
Grosso modo, é possível demarcar três fases distintas da nossa história com base nas identidades visuais de nossas capas e miolo da revista. Como notam Szwako e Nóbrega (2022), o primeiro projeto gráfico de DADOS, vigente entre 1966 e 1980, foi criado por Rogério Duarte, ícone do movimento tropicalista e do cinema novo, um dos maiores designers do período. Essa primeira fase buscou traduzir, a um só tempo, o compromisso da revista com uma concepção rigorosa de ciência e demarcar a radicalidade desse projeto perante o universo acadêmico. Dos tradicionais journals das ciências naturais, a revista copiou o sumário na capa, demarcado por um retângulo, e a diagramação do miolo em duas colunas. Mas para marcar o caráter radicalmente inovador da revista, optou-se por capas de cores saturadas e variáveis conforme o número do fascículo publicado.
Figura 1: Capas do primeiro projeto gráfico de DADOS (1966-1980)
A segunda identidade visual da revista, vigente entre os anos 1980 e 1990 e proposta pela Editora Campus, à época responsável pela produção de DADOS, remodelou parcialmente os princípios da primeira fase. O retângulo com o sumário completo na capa deu lugar aos temas e aos autores dos principais artigos do fascículo, bem como um maior destaque ao título da revista com o acréscimo do subtítulo “Revista de Ciências Sociais”. Manteve-se a variação das cores saturadas como forma de garantir a continuidade com o projeto gráfico anterior, bem como o texto em duas colunas. As pequenas mudanças no projeto gráfico vieram para demarcar uma transformação editorial maior. A revista deixou de ser semestral em 1977 para se tornar quadrimestral e adotou o sistema de avaliação de manuscritos duplo-cego, no qual nem autores nem pareceristas conhecem a identidade uns dos outros.
Figura 2: Capas do segundo projeto gráfico de DADOS (1980-1990)
O terceiro projeto editorial surge em 1986 e dura até o presente momento. Assinado pelo então designer do Jornal do Brasil, Antoninho de Paulo, ele rompe radicalmente com os projetos anteriores, aproximando DADOS de suas congêneres mais tradicionais. Segundo Charles Pessanha, editor-chefe por mais de 40 anos e atual editor emérito, a inspiração veio da revista Theory & Society, então uma das maiores referências para editorias de ciências humanas. As cores saturadas saem e entram as capas brancas. O nome da revista, outrora grafado em letras minúsculas não serifadas, é substituído pelo “DADOS” em letras maiúsculas e serifadas. Retoma-se o retângulo da primeira versão, mas sem a reprodução do sumário completo em seu interior, sendo mencionados apenas os temas dos respectivos números. No miolo, as duas colunas dão lugar ao texto em uma coluna apenas e com amplas margens para anotações e rabiscos. Tudo isso buscava enfatizar que a revista havia atingido seu objetivo, qual seja, o de marcar seu lugar de revista científica tradicional na academia brasileira e internacional. Em meados dos anos 1990, DADOS se torna trimestral como os mais renomados periódicos estrangeiros e participa do grupo de revistas que fundou a Scientific Online Library (SciELO), principal plataforma virtual de acesso aberto a artigos acadêmicos da América Latina. Isso marcou não apenas a digitalização do periódico, cada vez mais virtual, mas também a importante política de acesso aberto.
Figura 3: Capas do terceiro projeto gráfico de DADOS (1980-2022)
Neste ano, DADOS inicia uma transição para uma quarta fase editorial e, para refletir os desafios desse período, a revista muda novamente sua identidade visual. O novo projeto gráfico, assinado pelo designer Gérome Ibri, tem como objetivo central conservar a herança histórica da revista, compatibilizando suas diferentes fases, mas também destacar os desafios atuais. Renovamos nosso compromisso com o rigor científico e metodológico, incorporando agora os valores da Ciência Aberta, uma série de novas práticas editoriais que estão revolucionando as publicações científicas e sobre as quais já comentamos em outras oportunidades. Paulatinamente, a revista adapta seus elementos gráficos à comunicação e divulgação digitais, hoje hegemônica em nosso mundo acadêmico. A seguir, abordamos alguns dos elementos centrais desse novo projeto gráfico.
Na Figura 4, vemos o novo logotipo de DADOS. Em comparação ao anterior, há uma evolução sutil, conservando uma tipografia serifada, substituindo a tagline «Revista de Ciências Sociais» pela URL do site. Desde 2020, a revista parou de utilizar esse subtítulo de modo a encurtar seu referenciamento em outros textos, facilitar sua citação e, com isso, melhorar suas métricas de impacto. Alguns detalhes conferem um caráter mais leve, lúdico, irreverente, dos quais ressaltamos o «o» levemente inclinado e o «S» invertido, referências ao título das capas anteriores.
Figura 4: Mudanças no logotipo de DADOS
A tipografia adotada, por sua vez, foi a família Source Pro, que é a mesma usada na identidade visual do IESP-UERJ como forma de remeter a este vínculo institucional. As 3 declinações das fontes garantem uma homogeneidade: a versão serifada (Source Serif Pro, desenhada por Frank Grießhammer), usada em títulos, aponta ao histórico e à seriedade da revista; a versão sem serifa (Source Sans Pro, desenhada por Paul D. Hunt), usada em subtítulos e textos corridos, confere um aspecto moderno, e, por fim, a versão mono (Source Code Pro, desenhada por Paul D. Hunt), usada pontualmente e em botões no site, alude a um ambiente digital. Esta família tem a vantagem de oferecer uma grande riqueza de pesos (do traço mais fino ao mais grosso), e obviamente, dos seus respectivos itálicos, conforme demonstrado na Figura 5.
Figura 5: Variações da fonte Source Pro
Como vimos, a origem de DADOS e a edição de suas versões impressas até o final da década de 1980 foram caracterizadas por cores fortes. Durante as comemoraçōes dos 50 anos da revista, em 2016, a artista gráfica Ana Bolshaw idealizou um cartaz recuperando a paleta de cores e a tipografia antiga (ver Figura 6). Após um intervalo de décadas assumindo um teor minimalista em branco e preto, o colorido foi agora retomado, sendo mobilizado como recurso para diferenciar as edições.
Figura 6: Cartaz comemorativo dos 50 anos de DADOS feito por Ana Bolshaw em 2016
O novo projeto gráfico do periódico propõe uma paleta de 9 cores (ver Figura 7), com tons mais vibrantes. Para cada cor, 6 tonalidades foram definidas para aplicar aos elementos gráficos, sendo planejada uma cor para cada edição lançada. Outro sentido assumido pela paleta é uma referência ao arco-íris, símbolo da diversidade e do compromisso mais recente da revista com a redução das disparidades de gênero e raça em suas editoriais, fluxos e publicações.
Figuras 7: Nova paleta de cores de DADOS
Para compatibilizar as diferentes tradições nas formas de divulgação, a nova identidade visual conjuga formas geométricas com gradações de uma cor específica. Os elementos gráficos foram determinados a partir de uma reflexão sobre o tipo de abordagem metodológica dos artigos, promovendo uma conexão com a relevância que DADOS sempre atribuiu a esta parte das pesquisas empíricas. Os gráficos de barra serviram de inspiração para os elementos gráficos atribuídos aos artigos cuja abordagem é mais quantitativa. Retângulos e linhas encontradas em leiautes de publicações impressas (livros, revistas…), por seu turno, serviram de base para os elementos gráficos definidos aos artigos cuja abordagem é mais qualitativa. Cada tipo de artigo ganha uma capa com um elemento gráfico diferente, a depender de seu enfoque aparentemente central.
Figuras 8: Formas utilizadas nos cards de divulgação de DADOS
A seguir, podemos ver exemplos da aplicação desses elementos para a divulgação dos artigos publicados no número dedicado às eleições (vol. 66, n. 2), recém-publicado pro nós. Cada card se refere a um texto, com grafismos específicos. A cor unifica o número como um todo:
Figuras 9: Exemplos de cards de divulgação para os artigos do vol. 66, n. 2, 2023
O objetivo deste foi contextualizar e apresentar ao nosso público a nova identidade visual de DADOS, que marca uma etapa de repaginação da revista. Vale pontuar que tal lançamento ocorre em meio a um processo político importante no Brasil, talvez o mais delicado da nossa história democrática. A edição que consolida o novo projeto gráfico é justamente um número especial com artigos que abordam componentes desta conjuntura, DADOS, vol.66, n.2, 2023.
Não é a primeira vez que isso acontece: DADOS viveu momentos sérios de fechamento político, como o Ato Institucional Número 5, em 1968, e todos os restantes anos da ditadura militar. Como vimos, os projetos editoriais foram marcados também por essas transições políticas. Desta forma, a renovação da imagem do periódico, conjunta à divulgação de textos sobre eleições em um momento tão delicado da nossa república, é uma forma de reiterar nosso histórico compromisso com a democracia, os direitos humanos e com a redução das desigualdades.
PESSANHA, Charles. 50 Anos de DADOS – Revista de Ciências Sociais: Uma Introdução à Coleção. Dados, vol.60, n.3. Disponível em: https://www.scielo.br/j/dados/a/hzXdtNqmYSqjcRrk3Bd8pdr/abstract/?lang=es
SZWAKO, José; NOBREGA, Leonardo. “Cultura e Política”: estética e design nas capas de Dados nos anos 1960. Blog DADOS, 2022. Disponível em: http://dados.iesp.uerj.br/estetica-design-dados-anos-1960/
CAMPOS, Luiz Augusto; CANDIDO, Marcia Rangel; GÉROME, Ibri. O Novo Projeto Gráfico de DADOS. Blog DADOS, 2022 [published 21 Sept. 2022]. Available from: http://dados.iesp.uerj.br/novo-projeto-grafico-dados/
Etiquetas: Design, Identidade visual, Projeto gráfico
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