Dados es una de las principales publicaciones de ciencias sociales en América Latina. Creada en 1966, publica trabajos inéditos e innovadores, procedentes de investigaciones académicas, de autores brasileños y extranjeros. Editada por IESP-UERJ, tiene como objetivo conciliar el rigor científico y la excelencia académica con un énfasis en el debate público basado en el análisis de temas sustantivos en la sociedad y la política.
O objetivo do presente texto é traçar uma breve história da participação de mulheres na autoria de artigos em DADOS. A estrutura do trabalho é dividida em três partes, além desta introdução. A primeira seção trata de algumas das fundadoras das Ciências Sociais que aparecem com regularidade nas páginas da revista. A segunda apresenta percentuais de gênero da autoria das produções ao longo das quase seis décadas de existência da publicação. Em seguida, discutimos os artigos de mulheres que lideram citações no periódico. Após as considerações finais, um quadro anexo lista todos os nomes de mulheres que contribuíram com suas pesquisas às edições lançadas entre 1966 e fevereiro de 2022.
O intento do levantamento não é meramente laudatório. Mais um 8 de março chegou, data que marca o Dia Internacional da Mulher, e ainda persistem uma série de desigualdades que prejudicam a inclusão, a permanência e a progressão das mulheres nas ciências. A sub-representação de mulheres como autoras de artigos acadêmicos é um tema bastante discutido nas grandes áreas das Ciências Sociais, mesmo que no Brasil isso seja raro. Há duas formas de abordar o problema: a partir de informações conhecidas por todas as pessoas, como a autoria de artigos publicados, ou através de indicadores de submissões que só as equipes editoriais têm acesso por conta dos procedimentos de avaliação anônima.
Tratar dessa última dimensão requer enfrentar desafios específicos que periódicos nacionais de nossa área até o momento não toparam ou puderam realizar. DADOS o fez de modo experimental em 2016. Repetiu o intento no começo da pandemia. E, mais recentemente, aprofundou em uma discussão sobre o fluxo editorial da revista. A principal dificuldade de expor dados de gênero da autoria de manuscritos está no fato de que os sistemas utilizados no processamento de submissões não facilitam a quantificação da variável. Tendo em vista a já imensa carga de trabalho, em geral não remunerada, de acadêmicos(as) que se tornam editores(as), é compreensível que o dispêndio de tempo para tal intento siga escasso. Em contrapartida, desenvolvê-lo demonstra não só um passo em direção à transparência, que permite conjecturar a presença de vieses discriminatórios na avaliação e seleção de artigos, como também um comprometimento em torno de aprimorar a diversidade.
Vale ressaltar que a divulgação de dados sobre o gênero de autoria das submissões não compromete a avaliação anônima por pares. As taxas mais baixas de submissão de mulheres ajudam a atenuar explicações que localizam em preconceitos das equipes editoriais a razão das desigualdades verificadas em artigos publicados. Isso não significa que a responsabilidade das assimetrias seja da falta de produtividade das mulheres. Inúmeros outros fatores devem ser levados em consideração, como, por exemplo, a divisão sexual do trabalho, as diferenças de linhas temáticas de pesquisa e os escopos de publicação em revistas etc., conforme aprofundamos aqui.
Não obstante, a urgência de aferir as disparidades de gênero na ciência, buscar suas causas e propor soluções de melhoria, muitas vezes acaba por centralizar esforços de pesquisadores(as) somente em aspectos negativos, que se restringem em observar as dificuldades dos grupos sub-representados, sem notabilizar avanços ou referências exemplares. A seguir propomos um exercício distinto e nos debruçamos, com base em indicadores bibliometricos e no acervo de DADOS, na contribuição de mulheres ao periódico.
FUNDADORAS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
A DADOS é uma das revistas mais antigas e prestigiosas das Ciências Sociais na América Latina. Desde sua primeira edição, que data de 1966, há mulheres entre os autores, com intelectuais renomadas como Maria da Conceição Tavares. Em vista da longevidade da publicação, a consulta ao seu acervo proporciona a construção de balanços temáticos sobre áreas de pesquisa e a identificação de trajetórias intelectuais notáveis em variados campos do conhecimento[1]. Nesta seção inicial, analisaremos as cinco autoras que mais se repetiram na autoria de artigos em DADOS, o que implica que obtiveram aprovação frequente tanto na avaliação de seus pares de comunidade científica, quanto certa consolidação temporal na profissão. A título de comparação, no caso dos homens, a liderança em quantidade de artigos no periódico pertence a Wanderley Guilherme dos Santos, que soma 19 textos e é um dos principais fundadores da Ciência Política no país (acesse aqui a listagem completa de suas produções).
Todavia, o gênero feminino não fica muito atrás, tendo Eli Diniz na quarta posição do ranking geral, com 11 artigos. Depois dela, no top 5 de mulheres, temos sociólogas e cientistas políticas: Elisa Reis (9 textos), Argelina Figueiredo (8 textos), Celia Lessa Kerstenetzky (6 artigos) e Neuma Aguiar (6 artigos). A limitação a cinco casos de autoras se justifica não só para restringir o tamanho dessa exposição, mas também por elas marcarem certa distinção em relação às colegas: a maior parte do grupo participou da autoria de só 1 artigo (82,4%), seguidas daquelas que estiveram em 2 (10,6%), em 3 (2,7%), em 4 (1,2%) ou em 5 (1,5%). As cientistas restantes, que integram os cinco primeiros postos com mais publicações, não chegam a 1%.
Diniz, Reis, Figueiredo, Kerstenetzky e Aguiar formam, portanto, uma coletividade que sobressaiu. Um dos elementos em comum entre elas é o caráter geracional, com exceção de Kerstenetzky, que possui formação mais recente. Em DADOS, a autora publicou em 1999 “Evolução e Desígnio em Hayek”; em 2002 “Por que se importar com a desigualdade”; em 2009, “Redistribuição e desenvolvimento? A economia política do programa bolsa família”, traduzido no ano seguinte ao inglês; em 2011, “Welfare state e desenvolvimento”; em 2012, “Sobre a ‘crise’ do estado de bem-estar: retração, transformação fáustica ou o quê?”; e, por fim, em 2015, “O Estado (de Bem-Estar Social) como Ator do Desenvolvimento: Uma História das Ideias”, em parceria com Jaques Kerstenetzky.
As demais autoras são de longa data colaboradoras na fundação e desenvolvimento das Ciências Sociais. Eli Diniz, a líder de produções entre as mulheres que publicaram em DADOS, integrou a primeira turma de estudantes de mestrado em Ciência Política no Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ), tendo ingressado na formação especializada na disciplina ainda no final dos anos 1960. A autora registrou os seguintes textos em ordem cronológica: em 1971, a nota de pesquisa “Elites e Desenvolvimento: Administradores Públicos”, em coautoria com Maria Regina Soares de Lima; em 1977, 1978 e 1979, com Renato Boschi, os artigos “Magnitude das Empresas e Diferenciação da Estrutura Industrial: Caracterização da Indústria Paulista na Década de 30” e “Burocracia, Clientela e Relações de Poder: Um Modelo Teórico”, “Autonomia e Dependência na Representação de Interesses Industriais”; em 1980, “Máquinas Políticas e Oposição: O MDB no Rio de Janeiro”, na seção especial Ordem Política e Democracia; em 1985, “A Transição Política no Brasil: Uma Reavaliação da Dinâmica da Abertura”; em 1989, “ Crise Política, Eleições e Dinâmica Partidária no Brasil: Um Balanço Histórico”, em 1991, “Empresariado e Projeto Neoliberal na América Latina: Uma Avaliação dos Anos 80”, em 1994, “Reformas Econômicas e Democracia no Brasil dos Anos 90: As Câmaras Setoriais como Fórum de Negociação”; em 1995, “ Governabilidade, Democracia e Reforma do Estado: Os Desafios da Construção de uma Nova Ordem no Brasil dos Anos 90”; em 2011, “O contexto internacional e a retomada do debate sobre desenvolvimento no Brasil contemporâneo (2000/2010)”.
Elisa Reis, por sua vez, transitou ao longo de sua formação e trabalho entre a Sociologia e a Ciência Política, sendo parte de turmas pioneiras em cursos de graduação e pós, respectivamente na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e no IUPERJ. Dentre os nove textos da autora estão, de 1976, “Migração Rural-Urbana a Políticas Agrárias na América Latina: Notas para uma Investigação”; de 1980, também na seção Ordem Política e Democracia, “Sociedade Agrária e Ordem Política” e a resenha “The State and Society: Peru in Comparative Perspective, de Alfred Stepan”; em 1982, no especial Interpretações sobre o Brasil Tradicional e Contemporâneo, “Elites Agrárias, State-Building e Autoritarismo”; de 1988, com autoria individual “Mudança e Continuidade na Política Rural Brasileira” e em coautoria com José Eustáquio Reis, “As Elites Agrárias e a Abolição da Escravidão no Brasil”; de 1989, “Brasil: Cem Anos de Questão Agrária”; de 1993 e 1995, com Zairo Cheibub, “Pobreza, Desigualdade e Consolidação Democrática” e “Valores Políticos das Elites e Consolidação Democrática”.
Argelina Figueiredo se tornou mestre em Ciência Política pela Universidade de São Paulo no princípio dos anos 1970. O título de doutora na mesma disciplina veio pela Universidade de Chicago, com tese indicada à premiação pela American Political Science Association (APSA). Na revista DADOS, ela publicou, em 1978, “lntervenções Sindicais e o «Novo Sindicalismo«”; em 1981, no especial Estado, Sindicato e Trabalhadores, “Sindicalismo e Política Social nos Estados Unidos”; em 1995, 2002 e 2005, com Fernando Limongi, “Partidos Políticos na Câmara dos Deputados: 1989-1994”, “Incentivos Eleitorais, Partidos e Política Orçamentária” e “Processo orçamentário e comportamento Legislativo: emendas individuais, apoio ao Executivo e programas de governo”; em 2001, “Instituições e Política no Controle do Executivo”; em 2008, uma homenagem a Maria D’Alva Gil Kinzo; em 2009, novamente com Limongi, junto com José Antonio Cheibub, “Partidos políticos e governadores como determinantes do comportamento legislativo na câmara dos deputados, 1988-2006”; por fim, mais recentemente, em 2012, com Júlio Canello e Marcelo Vieira, “Governos minoritários no presidencialismo latino-americano: determinantes institucionais e políticos”.
Neuma Aguiar fez mestrado e doutorado em Sociologia em universidades estrangeiras no começo dos anos 1960 (Boston University e Washington University). Ela foi a primeira mulher a dar aula de sociologia no IUPERJ, e tornou-se professora emérita da UFMG em 2009, recebendo diversos prêmios, especialmente por suas contribuições ao desenvolvimento da área de Gênero, Estudos de Mulheres e Feminismo. Em DADOS, Aguiar é autora de textos que refletem sua passagem por diferentes tópicos de pesquisa, sendo eles: “Ideologias Competitivas e um Projeto de lndustrialização do Nordeste”, do especial divulgado em 1972, Análise do Desempenho do Sistema Político; “Urbanização, Industrialização e Mobilização Social no Brasil”, veiculado em 1973; “Indústria em Área Rural”, de 1976; “Divisão do Trabalho, Tecnologia e Estratificação Social”, de 1977; “Hospitalização Autoritária”, de 1978; e, com Arnaldo Galvão, “Estratificação Residencial, Valoração do Trabalho Doméstico e Uso do Tempo: Contribuições para a Análise do Caso do Brasil”, de 2017.
GÊNERO E AUTORIA EM DADOS
A trajetória de construção e consolidação de DADOS é cruzada e aprimorada pelo desenvolvimento de carreiras de grandes cientistas políticas e sociólogas, como pudemos ver nas menções acima. Por outro lado, as desigualdades continuam sendo constitutivas da comunidade acadêmica e isso se reflete na quantidade de submissões recebidas na revista, levando também a assimetrias na proporção de artigos publicados. O Gráfico 1 revela avanços consideráveis – com a participação de mulheres em autoria dobrando se comparamos os anos 1960 com os 2020. Não obstante, a disparidade de gênero segue como realidade.
Gráfico 1: Distribuição de Gênero de Autoria de Artigos em DADOS
Fonte: elaboração própria com base no acervo de DADOS[2].
AS AUTORAS MAIS CITADAS E SUAS TEMÁTICAS
As avaliações de impacto das pesquisas científicas e de produtividade da comunidade acadêmica têm tomado as taxas de citação como uma de suas métricas centrais. O parâmetro, dentre outros problemas, pode prejudicar grupos e temáticas que usualmente recebem menos reconhecimento, como estudos têm mostrado. Em DADOS, contudo, a despeito de serem minoria entre os autores, as mulheres chegam aos postos de liderança entre os artigos de maior visibilidade. A Tabela 1 localiza e destaca os cinco textos de autoria feminina mais citados na revista em comparação ao posicionamento dos homens. Ainda que esses últimos ocupem as três primeiras posições no ranking, não é constatada a ausência de mulheres entre os quadros mais notórios.
Tabela 1: Artigos mais citados na história de DADOS
Citações | Autoria | Título do artigo |
1657 | Sérgio Abranches | Presidencialismo de coalizão: o dilema institucional brasileiro |
851 | José Murilo de Carvalho | Mandonismo, coronelismo, clientelismo: uma discussão conceitual |
573 | Leonardo Avritzer | Sociedade civil, instituições participativas e representação: da autorização à legitimidade da ação |
498 | Maria Helena de Castro Santos | Governabilidade, governança e democracia: criação de capacidade governativa e relações executivo-legislativo no Brasil pós-constituinte |
411 | Leonardo Avritzer, Sérgio Costa | Teoria crítica, democracia e esfera pública: concepções e usos na América Latina |
402 | Rebecca Abers, Lizandra Serafim e Luciana Tatagiba | Repertórios de interação estado-sociedade em um estado heterogêneo: a experiência na Era Lula |
359 | Carlos Pereira, Bernardo Mueller | Comportamento estratégico em presidencialismode coalizão: as relações entre Executivo e Legislativo na elaboração do orçamento brasileiro |
345 | Luiz A. de Castro Santos | O pensamento sanitarista na Primeira República: uma ideologia de construção da nacionalidade |
325 | Marta Arretche | Federalismo e relações intergovernamentais no Brasil: a reforma de programas sociais |
316 | Octavio Amorim Neto | Gabinetes presidenciais, ciclos eleitorais e disciplina legislativa no Brasil |
315 | Vicente Palermo | Como se governa o Brasil? O debate sobre instituições políticas e gestão de governo |
314 | Marta Arretche | Federalismo e igualdade territorial: uma contradição em termos? |
312 | Alfred Stepan | Para uma nova análise comparativa do federalismo e da democracia: federações que restringem ou ampliam o poder do demos |
309 | Argelina Cheibub Figueiredo e Fernando Limongi | Incentivos eleitorais, partidos e política orçamentária |
Fonte: elaboração própria a partir de dados do Google Scholar.
Em “Governabilidade, governança e democracia: criação de capacidade governativa e relações executivo-legislativo no Brasil pós-constituinte”, Maria Helena de Castro Santos parte de um debate conceitual para propor o uso do termo “capacidade governativa”, que daria conta de apreender fatores operacionais do Estado em sua maior totalidade. A autora se baseia em dois estudos de caso e se contrapõe a teses consagradas na literatura, que, por um lado, indicam problemas da capacidade governativa especificamente na fase de implementação de políticas públicas, e, por outro, ressaltam o protagonismo do poder Executivo e a cooperação do Legislativo. O texto, publicado em 1997, é o quarto mais citado da história de DADOS.
Na sequência de artigos com participação de mulheres, “Repertórios de interação estado-sociedade em um estado heterogêneo: a experiência na Era Lula”, publicado em 2014 e escrito por Rebecca Abers, Lizandra Serafim e Luciana Tatagiba, que aparece como sexto trabalho mais referenciado da revista, se debruça sobre a relação de atores estatais com os movimentos sociais durante os governos de Luiz Inácio Lula da Silva. As autoras analisam três setores de políticas, o de desenvolvimento agrário, o de política urbana e o de segurança pública, destacando que ocorreram inovações na relação entre estado e sociedade durante o período estudado, com particular permeabilidade à participação social.
Marta Arretche se iguala a Leonardo Avrtizer, ambos cientistas políticos, ao aparecer duas vezes no topo do ranking de autores mais citados em DADOS, com a particularidade de ter escrito individualmente os respectivos trabalhos de notoriedade, enquanto Avrtizer tem um dos textos em coautoria com Sérgio Costa. O tema de Arretche, nos dois casos, é federalismo. Em edição de 2002 saiu “Federalismo e relações intergovernamentais no Brasil: a reforma de programas sociais” e, oito anos depois, em 2010, “Federalismo e igualdade territorial: uma contradição em termos?”. A autora publicou outras vezes no periódico e em 2020 fez um balanço de suas contribuições ao campo de estudos para o Blog DADOS.
A quinta mulher que mais aparece com citações em DADOS é Argelina Figueiredo. Além de ter publicado com certa regularidade na revista, as pesquisas da autora também conquistaram atenção ao longo dos anos em termos de impacto científico. O texto que aparece entre os primeiros lugares do ranking, publicado em 2002 e resultante da longa parceria com Fernando Limongi, “Incentivos eleitorais, partidos e política orçamentária”, acrescenta à literatura por questionar as intepretações usuais da atuação dos legisladores brasileiros no processo orçamentário, salientando o papel dos partidos políticos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este texto teve como intuito revisitar a participação de mulheres em DADOS a partir da observação da regularidade com que publicaram, a proporção geral de sua inclusão no decorrer das décadas e a visibilidade que obtiveram em relação aos seus trabalhos. Tais critérios sinalizam diferentes tipos de inserção e prestígio, alguns deles dando destaque particular a nomes específicos. Embora a distribuição de gênero de autoria de artigos na revista demonstre a sub-representação feminina, com tímida melhoria em períodos contemporâneos, a consolidação de carreiras de cientistas pode ser evidenciada pela longeva e intensa produtividade de autoras, assim como pelo reconhecimento que recebem por meio de citações, aspectos relativamente equiparáveis aos resultados de homens.
O fato de as mulheres serem minoria na autoria de artigos em DADOS contrasta, portanto, com a chegada de uma pequena parcela a posições de prestígio na publicação. O maior desafio que enfrentamos como integrantes da equipe da revista é pluralizar mais o escopo de pesquisadores(as) publicados, não só em termos de gênero, como de raça. A maior barreira para isso é que grupos sub-representados entre autores são geralmente os grupos também sub-representados na própria comunidade científica. Recebemos menos submissões de mulheres e de pessoas negras em geral, o que já reduz as chances de tê-las entre o quadro de autores(as) publicados(as). Esse dado, contudo, não é conhecido para a maioria das revistas. Do ponto de vista dos periódicos, exercitar a transparência nos processos editoriais é uma possível medida que fortalece o debate sobre desigualdades.
Em DADOS temos buscado produzir informações sobre a demografia dos autores(as) que submetem textos à revista, mas esbarramos ainda na ausência de autodeclaração dos(as) mesmos(as). Como próxima etapa na tentativa de colaborar para discussões de diversidade, pretendemos implementar fichas que requisitam aos(às) pesquisadores(as) suas características sociais, como gênero e raça. Os periódicos são espaços imprescindíveis de comunicação científica e não devem se isentar de perseguir melhorias nas perspectivas de conhecimento que difundem. Isso convive, é claro, com desafios enormes de sobrecarga de funções e condições de subsistência das próprias publicações, asseverados com cortes de investimento na ciência e perseguição ao pensamento crítico. Convive, ademais, com outros desafios que excedem as editorias. As desigualdades são múltiplas, estão nas esferas públicas e privadas, dentro e fora da ciência. Nos cabe fornecer somente uma das peças desse enorme quebra-cabeça.
Abaixo apresentamos os nomes de todas as mulheres que publicaram na revista desde 1966. Agradecemos a elas e ao restante da comunidade científica pela confiança no trabalho de DADOS.
Anexo 1: Mulheres que publicaram em DADOS entre 1966 e o segundo trimestre de 2022
Adriana Backx Noronha Viana | Gabriela Spanghero Lotta | Maria das Dores Campos Machado |
Adriana Pereira Campos | Gabriela Thamara de Freitas Barros | Maria do Carmo de Lacerda Peixoto |
Adriana Venuto | Geralda Luiza de Miranda | Maria Eliana Labra |
Adriane Ferrarini | Géssica Fernando do Carmo | Maria Eugénia Ferrão |
Agathe Voisin | Gina Yannitell Reinhardt | Maria Helena de Castro Santos |
Alba Zaluar | Giovanna de Moura Rocha Lima | Maria Helena Guimarães Castro |
Alcida Rita Ramos | Giovanna Kuele | Maria Helena Magalhães Castro |
Aline Martins Mesquita | Gláucia Silva | Maria Hermínia Tavares de Almeida |
Alvana Maria Bof | Glaucia Villas Bôas | Maria Ignez S. Paulilo |
Ana Cristina Murta Collares | Graziela Castello | Maria Izabel Valladão de Carvalho |
Ana Karruz | Helena Bousquet Bomeny | Maria Ligia de Oliveira Barbosa |
Ana Lúcia Malan | Helena Carvalho | Maria Lucia de Oliveira |
Ana Luiza Melo Aranha | Helena da Motta Salles | Maria Lucia Werneck Vianna |
Ana Maria F. Almeida | Helena Maria Bousquet Bomeny | Maria Luisa Mendez Layera |
Ana Mouraz | Helga Gahyva | Maria Luzia Miranda Álvares |
Ana Paula de Almeida Lopes | Heloisa Maria Murgel Starling | Maria lzabel Valladão de Carvalho |
Ana Paula Nunes | Inés Santé Riveira | María Maneiro |
Ana Paula Tostes | Ingrid Andersen Sarti | Maria Manuela Renha de Novis Neves |
Anahí González | Irene Maria Magalhães | Maria Regina Soares de Lima |
Andréa Freitas | Iris Linhares Pimenta Gurgel | Maria Sylvia de Carvalho Franco |
Angel Miríade | Irlys A. Firmo Barreira | Maria Teresa Gonzaga Alves |
Angela Alonso | Isabel Meunier | Maria Valéria Junho Pena |
Angela de Castro Gomes | Isabel R. O. Gómez de Souza | Mariana Cavalcanti |
Anna Cecília Chaves Gomes | Isabel Ribeiro de Oliveira | Mariana Selister Gomes |
Antonio Teixeira de Barros | Isabel Rodríguez Aranda | Mariana Sirimarco |
Argelina Cheibub Figueiredo | Isabele Batista Mitozo | Marília Coutinho |
Ariadne Natal | Jane Collins | Marília Moschkovich |
Ariane Figueira | Jane Greve | Marília Veronese |
Aspásia Brasileiro Alcântara | Jaqueline Porto Zulini | Marisela Montenegro |
Aura Helena Felizzola | Jean L. Cohen | Mariza G. S. Peirano |
Barbara Nunberg | Jeni Vaitsman | Marjorie Marona |
Beatriz Barrado | Jessica Voigt | Marli Diniz |
Begonya Enguix Grau | Joana Domingues Vargas | Marta Arretche |
Betina Sarue | Joana Laura Marinho Nogueira | Marta Graça |
Bila Sorj | Julia Paranhos | Marta M. Assumpção Rodrigues |
Bruna Caroline Moreira Silva | Júlia Veiga Vieira Mâncio Bandeira | Marta Sampaio |
Camila Rocha | Juliana de Castro Galvão | Maureen Dougherty |
Carla Almeida | Karina Batthyány | Mônica Herz |
Carlinda Leite | Karina Kuschnir | Monica Hirst |
Carme Ferré Pavia | Katarína Svitková | Mônica Mata Machado de Castro |
Carmelita Zilah Veneroso | Kathleen Schwartzman | Myrian S. Santos |
Carolina Maria Zoccoli Carneiro | Kathya Araujo | Naara Luna |
Catarina Tomás | Laura Senna Ferreira | Nádia Velleda Caldas |
Catia Grisa | Léa Velho | Nadya Araújo Castro |
Cecília Mariz | Leany Lemos | Nadya Araujo Guimarães |
Céli Regina Jardim Pinto | Leidy Cabrera-Cabrera | Nanci de Carvalho Brigagão |
Celi Scalon | Lena Lavinas | Nanci Valadares de Carvalho Brigagão |
Celia Lessa Kerstenetzky | Leonarda Musumeci | Nancy Alessio |
Célia Maria Leite Costa | Leslie Elliott Armijo | Nara Azevedo |
Celina do Amaral Peixoto Moreira Franco | Lia Hasenclever | Natália Guimarães Duarte Sátyro |
Celina Rabello Duarte | Lícia do Prado Valladares | Natália Nóbrega de Mello |
Celina Souza | Licia Valladares | Nathália França Figuerêdo Porto |
Céline Sachs | Lígia Helena Hahn Lüchmann | Nathália Lopes |
Christina W. Andrews | Ligia Madeira | Neide Esterci |
Christine Jacquet | Lilian C. B. Gomes | Neila Ferraz Moreira Nunes |
Cinara L. Rosenfield | Liliana Acero | Neuma Aguiar |
Clara Araújo | Liliane Dutra Brignol | Paula do Espírito Santo |
Clara Mafra | Lina Faria | Preciosa Fernandes |
Claudia de Lima Menge | Linda M. Gondim | Priscila Delgado de Carvalho |
Claudia Fonseca | Liubov Tkacheva | Rachel Meneguello |
Cláudia Maria R. Viscardi | Lizandra Serafim | Rebecca Abers |
Cláudia Nogueira | Lizandra Serafim | Regina Lúcia M. Morel |
Cléa Sarmento | lná Elias de Castro | Regina Weber |
Constanza Ayala | lngrid Sarti | Rejane Maria Vasconcelos Accioly Carvalho |
Cristiana Losekann | Lourdes Sola | Renata Mirandola Bichir |
Cristiane Batista | Lúcia Gomes Klein | Rita Laura Segato |
Cristina B. de Souza Rossetto | Lúcia Lippi Oliveira | Rosa Maria Barboza de Araújo |
Cristina Buarque de Hollanda | Lúcia Maria Gaspar Gomes | Rosa Maria Esteves Nogueira |
Cristina Maria de Castro | Lúcia Maria Gomes Klein | Rosa Monteiro |
Cristina Maria Rabelais Duarte | Luciana Lima | Rosane Mendonça |
Cristina W. Andrews | Luciana Maria de Aragão Ballestrin | Sabrina Ost |
Cynthia Lins Hamlin | Luciana Tatagiba | Sandra Gomes |
Daniela Alves de Alves | Ludmila Mendonça Lopes Ribeiro | Sanja Ivic |
Daniela Campello | Ludmila Ribeiro | Selene Herculano dos Santos |
Daniela Vairo | Luísa Oliveira | Silke Weber |
Danusa Marques | Luzia Helena Herrmann de Oliveira | Silvana Maria de Souza |
Débora Bráulio Santos | Lygia Sigaud | Sílvia Portugal |
Débora da Silva Noal | Malena Rehbein Rodrigues | Silvina Merenson |
Débora Roditi | Manuela Carneiro da Cunha | Simone Diniz |
Delma Pessanha Neves | Manuela Gonçalves | Simone Petraglia Kropf |
Diana Fonseca | Manuela Trindade Viana | Sol Scavino |
Diana Lima | Márcia B. M. L. Nunes | Sonia Fleury |
Diana Nogueira de Oliveira Lima | Marcia da Silva Mazon | Sonia Maria Fleury Teixeira |
Elaine Meire Vilela | Marcia de Paula Leite | Talita Tanscheit |
Eli Diniz | Márcia Lima | Tânia de Freitas Resende |
Eliana Tavares dos Reis | Márcia Miranda Soares | Tania Salem |
Elide Rugai Bastos | Marcia Rangel Candido | Telma Lage |
Elisa Klüger | Marcia Ribeiro Dias | Telma Menicucci |
Elisa Reis | Margaret Levi | Teresa Cristina Schneider Marques |
Elisângela da Silva Santos | Margaret S. Archer | Thais Florencio de Aguiar |
Elizabeth Jelin | María Alejandra | Thais Pavez |
Eloísa Cardona | Maria Alice de Aguiar Medeiros | Thamy Pogrebinschi |
Emanuelle Barozet | Maria Alice Nogueira | Valentina Perrotta |
Encarnación Aguilar Criado | Maria Alice Rezende de Carvalho | Valéria Marques Lobo |
Esther lglesias | María Antonieta Corcione-Neto | Vanessa Elias de Oliveira |
Eunice R. Durham | Maria Antonieta de A. G. Parahyba | Vania Perret |
Euzeneia Carlos | Maria Aparecida Alves Hime | Vera Lúcia S. Botta Ferrante |
Fábia Jaiany Viana de Souza | Maria Aparecida Chaves Jardim | Vera Schattan P. Coelho |
Fabiana Luci de Oliveira | Maria Aparecida Gouvêa | Vera Wrobel |
Fabiana Marion Spengler | Maria Aparecida Oliveira | Verónica Tobeña |
Fabiola Sulpino Vieira | Maria Arlete Duarte de Araújo | Verônica Toste Daflon |
Fátima Alves | Maria Cecília Spina Forjaz | Vilma Figueiredo |
Fátima Anastasia | Maria Celi Scalon | Viviana Martinovich |
Felícia Picanço | Maria Célia Marcondes de Moraes | Vivivane Petinelli Silva |
Fernanda Beigel | Maria Celina D’Araújo | Wanda Susana Hamilton |
Fernanda Feitosa | Maria Chaves Jardim | Wilma Mangabeira |
Fernanda Venceslau Moreno | Maria Conceição da Costa | Wilma Mangabeira |
Fernanda Wanderley | Maria D’Alva Gil Kinzo | Yasmín Salazar Méndez |
Flávia Biroli | Maria da Conceição Tavares | Zara Figueiredo Tripodi |
Flavia Freidenberg | Maria da Gloria Bonelli | Zena Winona Eisenberg |
Notas
[1] Diversos pesquisadores(as) têm usado a revista como fonte de tal estudos, um levantamento dos textos que resultam disso pode ser consultado aqui: http://50anos.iesp.uerj.br/bibliografia/ Acesso em 3 de março de 2022.
[2] Levantamentos similares foram feitos por Campos, Feres Júnior e Guarnieri (2017) e na minha tese de doutorado «Dois gêneros, duas histórias? A institucionalização da ciência política no Brasil», de 2021, orientada por João Feres Júnior e coorientada por Fernanda Beigel.
CANDIDO, Marcia Rangel. “Breve história da autoria de mulheres em DADOS”. Blog DADOS, 2022 [published 8 Mar 2022]. Available from: http://dados.iesp.uerj.br/historia-de-mulheres-em-dados/
Etiquetas: 8M, ciência, desigualdades, feminismo, Gênero