Dados é uma das principais e mais longevas publicações nas ciências sociais no Brasil. Criada em 1966, divulga trabalhos inéditos e inovadores, oriundos de pesquisa acadêmica, de autores brasileiros e estrangeiros. Editada pelo IESP-UERJ, é seu objetivo conciliar o rigor científico e a excelência acadêmica com ênfase no debate público a partir da análise de questões substantivas da sociedade e da política.
Dados vol. 68 n. 2 Rio de Janeiro 2024-07-01 2025
Resumo
O aumento da participação de mulheres como representantes eleitas para o Legislativo faz com que sejam mais frequentes também as interações entre legisladores – homens e mulheres – permeadas por questões de gênero. De acordo com algumas pesquisas, mesmo uma vez eleitas, mulheres detêm menos capacidade de exercer poder simbólico, sendo limitadas na sua capacidade de apresentar e liderar as agendas (agenda setting). A partir dessa perspectiva, observamos os apartes feitos a quase 70 mil discursos proferidos por senadores e senadoras brasileiros entre 1995 e 2018, para analisar como – e se – dinâmicas de gênero se davam no âmbito dos discursos, com foco nas interrupções. Ao final, concluímos que, no Senado, o manterrupting não acontecia de forma genérica. Mulheres, de forma ampla, diferentemente do que prevê parte da literatura, não são mais interrompidas que homens. Ao mesmo tempo, nossos achados mostram que mulheres líderes são mais interrompidas que homens líderes. Mais que isso: sobretudo por homens integrantes do mesmo partido. Tal dado sugere que, se existem obstáculos quanto ao poder exercido pelas mulheres em plenário, eles se encontram no interior de seus partidos.
Palavras-chave: gênero; senado; discurso; partidos políticos; manterrupting
DOI: .1590/dados.2025.68.2.367
Gênero, Dinâmicas de Poder Intrapartidárias e Manterrupting no Legislativo