Artigo



Dados vol. 66 n. 3 Rio de Janeiro 2022-10-18 2023

A Construção de Capacidades Estatais em Políticas de Infraestrutura: demandas socioambientais e heterogeneidades estatais

Ana Karine Pereira

Resumo

No Brasil, parcela significativa dos investimentos recentes em projetos de infraestrutura tem como foco a construção de usinas hidrelétricas na região Amazônica. A execução dessas obras requer robustas capacidades estatais, existindo fragilidades estatais para atender às demandas socioambientais de grupos vulneráveis afetados por esses empreendimentos. Este artigo examina a incorporação dessas demandas no processo decisório e de implementação da usina de Belo Monte, localizada no Estado do Pará. Para tal, partimos de uma concepção de capacidade estatal que a relaciona com o processamento de diversos interesses pelas burocracias estatais. O modelo de análise define três dimensões de capacidades estatais – participativa, decisória, e de coordenação intersetorial –, cuja construção é influenciada pelos arranjos institucionais, legado histórico-institucional e padrão relacional entre burocracias e grupos sociais. Os procedimentos metodológicos incluem análise de redes sociais; pesquisa documental; e entrevistas com atores-chave. Conclui que as condições que influenciam a construção de capacidades estatais alcançam as burocracias estatais de forma heterogênea, o que dificulta a incorporação das demandas socioambientais das populações vulneráveis.

Palavras-chave: capacidades estatais; demandas socioambientais; heterogeneidade; infraestrutura; Belo Monte

DOI: .1590/dados.2023.66.3.285

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A Construção de Capacidades Estatais em Políticas de Infraestrutura: demandas socioambientais e heterogeneidades estatais